[Assista Já] Alterações do trato respiratório superior – MV Cintia Migray e MV Karin Rinaldi

O conteúdo trata das alterações respiratórias em cães braquicefálicos, como narinas estreitas e palato alongado, discutindo tratamentos para a síndrome braquicefálica, incluindo cirurgias corretivas e manejo clínico. Aborda intervenções como ressecção de narinas e ventilação mecânica em emergências, além de cuidados pós-operatórios e a conscientização dos tutores sobre os desafios e cuidados necessários para melhorar a qualidade de vida dos cães.

Alterações Respiratórias em Cães Braquicefálicos: Tratamento e Intervenções Cirúrgicas

Nesta apresentação, especialistas em pneumologia e cirurgia veterinária, Cíntia e Karen, discutem alterações respiratórias em cães braquicefálicos. Com foco na síndrome braquicefálica e nos desafios de tratamento, abordam as intervenções cirúrgicas e técnicas clínicas necessárias para melhorar a qualidade de vida dos cães que sofrem com problemas respiratórios graves.

O que é a Síndrome Braquicefálica?

A síndrome braquicefálica resulta de características anatômicas específicas, como narinas estenosadas, palato mole alongado e cornetos nasais aberrantes. Essas condições são resultado de uma seleção genética artificial que leva a cães com focinho curto e crânio achatado, como pugs, bulldogs franceses, bulldogs ingleses, shih-tzus, pequinês e outras raças braquicefálicas. Essas características dificultam a respiração e podem causar complicações graves.

Alterações Secundárias e Complicações

Devido à pressão negativa gerada durante a respiração, os cães braquicefálicos estão sujeitos a alterações secundárias, como colapso laríngeo, colapso traqueal, hiperplasia de tecido mole e até hipertensão pulmonar. Isso leva a uma série de sintomas, como intolerância ao exercício, ruídos respiratórios, espirros reversos e, em casos mais graves, síncopes e cianose.

Técnicas Cirúrgicas para Cães Braquicefálicos

Existem diversas técnicas cirúrgicas que ajudam a corrigir os problemas respiratórios em cães braquicefálicos:

  1. Ressecção das Narinas Estenosadas: Cirurgia para aumentar a abertura das narinas, facilitando a entrada de ar. A técnica da vestibuloplastia de asa é uma das mais modernas e eficazes, proporcionando maior diâmetro na passagem nasal.

  2. Correção do Palato Mole Alongado (Estafilectomia): Remoção do excesso de tecido do palato mole, que geralmente obstrui as vias respiratórias. Técnicas mais recentes, como a palatoplastia, além de corrigirem o comprimento, também reduzem a espessura do palato, melhorando significativamente a respiração.

  3. Turbinectomia a Laser: Uso de laser de CO2 para remover os cornetos nasais aberrantes, aumentando o espaço para passagem de ar na cavidade nasal. No entanto, essa técnica requer cuidados devido ao risco de recidiva e complicações, como aderências e sinequias.

  4. Ressecção dos Sáculos Laríngeos: Indicado quando há inversão dos sáculos laríngeos, uma condição secundária comum em cães com síndrome braquicefálica avançada.

  5. Tratamento do Colapso Laríngeo e Traqueal: Em casos graves, pode ser necessário o uso de stents traqueais ou cirurgias para estabilizar a laringotraqueomalácia.

Manejo Clínico e Emergencial

Além das cirurgias, o manejo clínico é fundamental para estabilizar cães braquicefálicos em situações de emergência. As principais medidas incluem:

  • Sedação e oferta de oxigênio: Reduz a ansiedade respiratória e melhora a ventilação.
  • Uso de corticoides: Alivia o edema e a inflamação das vias aéreas.
  • Ventilação mecânica ou alto fluxo de oxigênio: Para casos de acidose respiratória grave ou edema pulmonar.
  • Resfriamento do paciente: Para reduzir a hipertermia e melhorar a estabilidade respiratória.

Cuidados Pós-Operatórios e Acompanhamento

Após a cirurgia, é essencial garantir uma recuperação adequada e um acompanhamento contínuo, que inclua:

  • Controle de peso: Cães com obesidade apresentam maiores complicações respiratórias. Reduzir o escore corporal para menos de 7 é recomendado.
  • Evitar exposição ao calor: Minimizar o risco de hipertermia e exacerbação das condições respiratórias.
  • Manter acompanhamento multidisciplinar: Incluir pneumologistas, cirurgiões veterinários e nutricionistas para garantir um manejo completo da saúde do animal.

Conscientização e Responsabilidade Ética

Os veterinários têm a responsabilidade de informar os tutores sobre os desafios e cuidados necessários para cães braquicefálicos. É fundamental educar sobre a gravidade da síndrome braquicefálica, os sinais de alerta e a importância das intervenções precoces para evitar complicações graves. Em alguns países, medidas estão sendo tomadas para regular a reprodução dessas raças, visando melhorar a qualidade de vida dos animais e reduzir a prevalência de problemas respiratórios.

Conclusão

O manejo de alterações respiratórias em cães braquicefálicos exige uma abordagem cuidadosa e multidisciplinar. Com os avanços nas técnicas cirúrgicas veterinárias e no tratamento clínico, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida desses animais. A conscientização e a responsabilidade ética são fundamentais para garantir que os tutores compreendam as necessidades de seus cães e busquem os melhores cuidados possíveis.