
Nesta apresentação, especialistas em pneumologia e cirurgia veterinária, Cíntia e Karen, discutem alterações respiratórias em cães braquicefálicos. Com foco na síndrome braquicefálica e nos desafios de tratamento, abordam as intervenções cirúrgicas e técnicas clínicas necessárias para melhorar a qualidade de vida dos cães que sofrem com problemas respiratórios graves.
A síndrome braquicefálica resulta de características anatômicas específicas, como narinas estenosadas, palato mole alongado e cornetos nasais aberrantes. Essas condições são resultado de uma seleção genética artificial que leva a cães com focinho curto e crânio achatado, como pugs, bulldogs franceses, bulldogs ingleses, shih-tzus, pequinês e outras raças braquicefálicas. Essas características dificultam a respiração e podem causar complicações graves.
Devido à pressão negativa gerada durante a respiração, os cães braquicefálicos estão sujeitos a alterações secundárias, como colapso laríngeo, colapso traqueal, hiperplasia de tecido mole e até hipertensão pulmonar. Isso leva a uma série de sintomas, como intolerância ao exercício, ruídos respiratórios, espirros reversos e, em casos mais graves, síncopes e cianose.
Existem diversas técnicas cirúrgicas que ajudam a corrigir os problemas respiratórios em cães braquicefálicos:
Ressecção das Narinas Estenosadas: Cirurgia para aumentar a abertura das narinas, facilitando a entrada de ar. A técnica da vestibuloplastia de asa é uma das mais modernas e eficazes, proporcionando maior diâmetro na passagem nasal.
Correção do Palato Mole Alongado (Estafilectomia): Remoção do excesso de tecido do palato mole, que geralmente obstrui as vias respiratórias. Técnicas mais recentes, como a palatoplastia, além de corrigirem o comprimento, também reduzem a espessura do palato, melhorando significativamente a respiração.
Turbinectomia a Laser: Uso de laser de CO2 para remover os cornetos nasais aberrantes, aumentando o espaço para passagem de ar na cavidade nasal. No entanto, essa técnica requer cuidados devido ao risco de recidiva e complicações, como aderências e sinequias.
Ressecção dos Sáculos Laríngeos: Indicado quando há inversão dos sáculos laríngeos, uma condição secundária comum em cães com síndrome braquicefálica avançada.
Tratamento do Colapso Laríngeo e Traqueal: Em casos graves, pode ser necessário o uso de stents traqueais ou cirurgias para estabilizar a laringotraqueomalácia.
Além das cirurgias, o manejo clínico é fundamental para estabilizar cães braquicefálicos em situações de emergência. As principais medidas incluem:
Após a cirurgia, é essencial garantir uma recuperação adequada e um acompanhamento contínuo, que inclua:
Os veterinários têm a responsabilidade de informar os tutores sobre os desafios e cuidados necessários para cães braquicefálicos. É fundamental educar sobre a gravidade da síndrome braquicefálica, os sinais de alerta e a importância das intervenções precoces para evitar complicações graves. Em alguns países, medidas estão sendo tomadas para regular a reprodução dessas raças, visando melhorar a qualidade de vida dos animais e reduzir a prevalência de problemas respiratórios.
O manejo de alterações respiratórias em cães braquicefálicos exige uma abordagem cuidadosa e multidisciplinar. Com os avanços nas técnicas cirúrgicas veterinárias e no tratamento clínico, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida desses animais. A conscientização e a responsabilidade ética são fundamentais para garantir que os tutores compreendam as necessidades de seus cães e busquem os melhores cuidados possíveis.